Fragmento de um sorriso

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Num desses tropeços da vida você caiu no meu buraco, quebrado estava, percebi que não fora da queda, você já estava despedaçado e não sei quantas vezes me peguei lhe olhando e perguntando se você já não tinha nascido assim: pedaços de ser, desenho cego de uma criança, ainda sem cor. Custava-me acreditar que você nunca tinha sido uno. Porém um dia você me falou e acreditei nas suas próprias palavras quando de bobeira esbravejou que eu não iria conseguir lhe transformar num homem feliz, você tinha nascido para ser aquele meio alguém tanto para mim como para qualquer outra pessoa. Sem saber, você me fez desistir. Hoje, quando me sinto olhada por você de longe, entendo seu questionamento sobre meu amor e sua força, e tento lhe explicar todas as noites o porquê. Inútil de minha parte, sinceramente não espero que me perdoe por ter lhe deixado no meu buraco, mas entenda, lhe entreguei de coração tudo o que tinha de mais de precioso. Deixei meu espaço, todo ele repleto das minhas boas memórias, tive o cuidado de retirar as risadas que lhe incomodavam, deixei meus melhores pincéis caso um dia você tente se colorir, deixei um armário cheio de carinho e cuidado para te acalentar e um beijo para cada noite, com a esperança que eles jamais lhe firam. E saiba meu amado que se resolvi ir, foi só porque naquele momento eu entendi de uma vez por todas que ao escolher ser fragmentos você escolheu também nunca sorrir, e tudo se fez noite no tal dia dentro do nosso buraco. Eu podia tudo ao seu lado, tudo! Menos me permitir viver sem sorrir.

Postado ao som de Angel – Sarah McLachlan

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